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Ômega-3 na saúde cardiovascular!



De acordo com o calendário do Ministério da Saúde, dia 26 de abril é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Essa condição merece atenção, pois é silenciosa e pode predispor outras doenças, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio, doença renal crônica e arritmia cardíaca.

A Hipertensão Arterial acontece quando o sangue passa pelas artérias com uma força maior do que a necessária. Essa ação pode causar danos nas paredes das artérias e no coração devido à pressão elevada. Segundo a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, a pressão arterial sistólica considerada normal é menor ou igual a 120mmHg e a pressão arterial diastólica menor ou igual a 80mmHg. A partir desses valores, os diagnósticos variam de Pré-Hipertensão até Hipertensão estágio 3. Porém vale lembrar que as condições têm de ser avaliadas individualmente em razão das particularidades de cada um e/ou da existência de outras patologias prévias, como por exemplo, a dislipidemia com altos níveis de triglicerídeos e de colesterol.

Os ácidos graxos poli-insaturados vêm sendo muito estudados pelas suas inúmeras funções benéficas ao organismo. Um estudo realizado por Jain, Aggarwal e Zhang (2015) indica que o ômega-3 tem atividade cardiovascular protetora, demonstrada por meio de propriedades anti-inflamatórias, antiarrítmicas, antitrombóticas e hipolipemiantes. Uma revisão conduzida por Shearer et al. (2012) ressaltou que a dose farmacêutica de 2 a 4 gramas/dia de ômega-3, sobretudo a fração EPA, pode contribuir com a redução dos triglicerídeos plasmáticos em cerca de 25-50% após um mês de tratamento, resultante do declínio na sua produção hepática. Skulas-Ray e colaboradores comprovaram esse efeito em um estudo cruzado e randomizado (2011) comparando a dose de 3,4 gramas/dia sobre triglicerídeos séricos, marcadores inflamatórios e função endotelial em indivíduos saudáveis com triglicerídeos moderadamente elevados.


Os achados mostraram que a dose mais alta de EPA + DHA reduziu os triglicerídeos em 27% comparados ao placebo.

Em relação aos efeitos sobre a pressão arterial, destaca-se uma metanálise (CAMPBELL et al., 2013) feita com um total de 1.524 participantes envolvidos em 17 ensaios clínicos randomizados que avaliaram a eficácia de suplementos de ômega-3 para a prevenção e o tratamento da hipertensão. Foi encontrada, em dados de oito estudos, uma redução estatisticamente significante na pressão arterial de hipertensos, sendo 2,55 mmHg na sistólica e 1,47mmHg na diastólica.


O estudo conclui que o resultado positivo tem implicações importantes para a saúde da população e diminui o risco de derrame e doenças isquêmicas, mas também pontua que, para os indivíduos diagnosticados com hipertensão arterial, deve-se utilizar o tratamento medicamentoso recomendado pelas diretrizes em conjunto com a suplementação. Outra metanálise (MILLER; ELSWYK; ALEXANDER, 2014), realizada com setenta estudos clínicos randomizados e controlados, concluiu que o fornecimento de EPA + DHA reduziu a pressão sistólica e diastólica em pessoas hiper e normotensa. O estudo ainda pontua que, em alguns casos, a suplementação de EPA + DHA é mais efetiva do que outras intervenções relacionadas ao estilo de vida em indivíduos que não estão em tratamento medicamentoso.


O mecanismo primário considerado para justificar essas alterações é a redução da resistência vascular sistêmica. Dessa forma, a suplementação de ômega-3 pode ser usada como estratégia para prevenir e tratar a Hipertensão Arterial e fatores de risco, como a hipertrigliceridemia. Os seus benefícios são amplamente estudados e comprovados pela comunidade científica, sendo a saúde cardiovascular o de maior destaque.

Referências CAMPBELL, F. et al. A systematic review of fish-oil supplements for the prevention and treatment of hypertension.European Journal of Preventive Cardiology, v. 20, n.1, p. 107–120, 2012.

CARDIOLOGIA, Sociedade Brasileira de. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Disponível em: <https://www.portal.cardiol.br/diretrizes>. Acesso em: 28 jan. 2020.

COLUSSI, G. et al. Impact of omega-3 polyunsaturated fatty acids on vascular function and blood pressure: Relevance for cardiovascular outcomes. Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases, v. 27, n.3, p. 191–200, 2017.

JAIN, A. P.; AGGARWAL, K. K.; ZHANG, P. Y. Omega-3 fatty acids and cardiovascular disease. European Review For Medical And Pharmacological Sciences, India, v. 19, n. 3, p.441-445, nov. 2015.

MILLER, P. E. et al. Long-Chain Omega-3 Fatty Acids Eicosapentaenoic Acid and Docosahexaenoic Acid and Blood Pressure: A Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. American Journal of Hypertension, v. 27, n. 7), p. 885–896, 2014.


TUR, J. et al. Dietary sources of omega 3 fatty acids: public health risks and benefits. British Journal of Nutrition (2012), 107, S23–S52.


SHEARER, G. et al. Fish oil – how does it reduce plasma triglycerides? Biochim Biophys Acta. 2012 May ; 1821(5): 843–851.

SKULAS-RAY, A. et al. Dose-response effects of omega-3 fatty acids on triglycerides, inflammation, and endothelial function in healthy persons with moderate hypertriglyceridemia. Am J Clin Nutr 2011;93:243–52.

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