A prescrição de suplementos integrados à conduta alimentar faz parte do atendimento do nutricionista na sua prática clínica. Para isso, é preciso avaliar a qualidade do produto escolhido e a forma como o nutriente é apresentado, uma vez que ele deve ser muito biodisponível e biodinâmico para atender as necessidades com maiores resultados.
Um suplemento que está presente em grande parte dos casos clínicos com benefícios comprovados para a saúde é o ômega-3. Os estudos avançam e apontam os efeitos protetores do ômega-3 em suas frações EPA e DHA. Mas você sabe como prescrever a melhor apresentação do ômega-3 ao seu paciente? Diante da alta disponibilidade desse suplemento no mercado, é preciso atentar-se a algumas características a fim de garantir um ômega de melhor qualidade.
Como é a estrutura molecular do ômega-3? O ômega-3 é um ácido graxo poli-insaturado, com sua estrutura molecular composta por carbonos ligados entre si através de uma dupla ligação química. Essa conformação molecular permite que ele atue diretamente nas células e nos tecidos do organismo, assim, modificando sua constituição, interferindo no metabolismo lipídico e reduzindo os efeitos deletérios do estresse oxidativo (SWANZON et al., 2012). O consumo de ômega-3 proveniente de fontes animais fornece os ácidos graxos EPA e DHA, com benefícios para proteção cardiovascular, especialmente a fração EPA, e saúde neurológica, cujo destaque é o DHA.
Além disso, destaca-se o DHA como o principal constituinte da reserva energética de crianças e recém-nascidas, sendo essencial para o desenvolvimento visual e neural do bebê e, posteriormente, na proteção cognitiva do adulto e do idoso. O que devemos avaliar sobre qualidade e concentração? A qualidade e a concentração dos suplementos à base de óleo de peixe são fatores determinantes na recomendação ao paciente. Em estudo de Silveira e Moreira (2017), os autores observaram que, entre dez marcas de suplementos avaliadas, não houve conformidade na recomendação diária. Um ômega-3 concentrado apresenta o óleo de peixe com maior quantidade de EPA e DHA em uma menor quantidade de cápsulas. Assim, o paciente garante maior oferta do componente ativo, com mais praticidade. Um ponto importante a ser destacado é a relação dos ômega-6 e ômega-3. É essencial manter um balanço adequado na proporção entre esses ácidos essenciais na dieta. Algumas apresentações de suplementos de ômega-3 trazem outras gorduras na composição (colesterol, ômega-6, etc.). Por isso, é preciso atentar-se à escolha do produto que forneça uma porcentagem maior das frações correspondentes – EPA e DHA. A procedência do ômega-3: a importância da ausência de contaminantes. O primeiro requisito para fabricação de produtos de alta qualidade é o uso de ingredientes puros e livres de contaminação. Pensando no ômega-3, a procedência do óleo de peixe e o local de extração precisam ser pontos a ser avaliados. Deve-se ter cuidado com a presença de contaminantes ambientais, como PCBs, metais pesados (mercúrio, arsênio), pois estes possuem propriedades que podem prejudicar o organismo. E quanto à cápsula, como escolher uma mais confortável ao paciente? As cápsulas chamadas de gastrorresistentes são as mais indicadas para prescrição. Essa tecnologia impede que a cápsula seja desintegrada no estômago, assim, evitando desconfortos como refluxo, sabor e hálito de peixe após a ingestão. Dessa forma, o ômega-3, em sua forma pura, é liberado no intestino, onde ocorre sua absorção.
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Referências SILVEIRA, D.C.S.R.; MOREIRA, E.E. Efeitos da utilização do ômega-3 no processo de envelhecimento: uma revisão. Revista Científica FacMais, v. 8, n. 1, 2017.
SWANZON, D. et al. Omega-3 Fatty Acids EPA and DHA: Health Benefits Throughout Life1. Adv Nutr. 2012 Jan; 3(1): 1–7.
