O Brasil adota a recomendação da Organização Mundial da Saúde em relação à prática de atividade física (AF) para indivíduos adultos: cerca de 150 minutos por semana de uma AF de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de AF intensa, sendo que, para benefícios adicionais à saúde, as atividades de fortalecimento muscular devem ser inseridas duas ou mais vezes na semana. Nosso país é o segundo do mundo em relação à quantidade de academias de ginástica, sendo a musculação a atividade mais praticada pelas pessoas fisicamente ativas. Isso porque homens e mulheres buscam a melhora da composição corporal, com redução da gordura e aumento da massa muscular.
Após a prática da musculação, há diversos eventos que levam a microtraumas no tecido musculoesquelético, promovendo uma inflamação local e produção de radicais livres que culminam na remodelação do tecido muscular danificado. Assim, estratégias nutricionais são adotadas para acelerar esse processo e/ou para que a inflamação não se exacerbe e induza a um quadro clínico de dor muscular de início tardio (DMIT).
Segundo Sousa, Teixeira e Soares (2014), a nutrição pode contribuir para o aumento do turnover proteico, a ação anti-inflamatória, a ação antioxidante e a preservação da integridade da membrana celular. Junior e Gurgel (2017) realizaram uma revisão bibliográfica sobre o impacto do ômega-3 na recuperação muscular e síntese proteica e demonstram que a suplementação com esse ácido graxo poli-insaturado pode auxiliar em três pontos, conforme os mecanismos elucidados a seguir:
1) Aumento do turnover proteico: o ômega-3 parece sensibilizar a fosforilação da mTOR e da S6K1 que estão associadas com a síntese proteica. Além disso, principalmente, o EPA tem o poder de inibir o NFkB, reduzir a atividade do TNF-α e menor expressão do MuRF1, associados com o catabolismo muscular.
2) Ação anti-inflamatória: aumento da ativação da PGC1-α, ativação do PPAR-γ e redução da fosforilação do IkB que culminam na redução do NFkB são algumas das ações do ômega-3, assim, reduzindo a inflamação no tecido muscular, contribuindo para maior ativação das células satélites e proliferação de mioblastos miócitos.
3) Preservação da integridade da membrana celular: além de sua ação anti-inflamatória contribuir para evitar danos às células musculares, o ômega-3 é a principal gordura que compõe a membrana celular, conforme avaliado por Gerling, C.J. et al. (2019).
Referências
MARQUES, N.; LOSCHI, R. Fitoterapia funcional aplicada à prática esportiva. São Paulo: Valéria Paschoal, 2017.
JUNIOR, V.L.M.C.; GURGEL, D.C. Utilização do ômega-3 na síntese proteica e recuperação muscular. Revista Brasileira de Nutrição Funcional, n.507, 2017.
SOUSA, M.; TEIXEIRA, V.H.; SOARES, J. Dietary strategies to recover from exercise-induced muscle damage. Int J Food Sci Nutr., v. 65, n. 2, p. 151-63, 2014
GELING, C.J. et al. Incorporation of Omega-3 Fatty Acids Into Human Skeletal Muscle Sarcolemmal and Mitochondrial Membranes Following 12 Weeks of Fish Oil Supplementation. Front. Physiol., v. 10, p. 348, 2019.
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